Volto agora a discutir o olhar de cada um. Faço isso devido a conversas com amigos. Um termo que surgiu “cegos funcionais”, ficou martelando na minha cabeça. Primeiro porque não é a primeira vez que me deparo com esse tipo de discussão, e a primeira vez que me deparei com essa discussão e aprendi muito. Segundo porque como fotógrafo, uma das minhas maiores diversões é buscar cenas óbvias que apesar de óbvias são vistas por poucas pessoas. E terceiro, me intriga ver a quantidade imensa de pessoas que não percebe a imensa quantidade de informações que passa diante dos seus olhos a cada segundo.
O título do tópico vem de um livro que me marcou, de certa forma ele representa um instante extremamente importante da minha vida. O livro sempre me traz ótimas lembranças. E justamente essa tal cegueira funcional pode ser um dos temas levantados a partir da leitura da obra de Saramago. Não vou me alongar no que traz a obra, até porque é um livro que eu acredito que você leitor do blog merece descobrir página a página, aliás recomendo que você leia o livro antes até de ver o recente filme.
Mas voltando ao tema. Primeiro quero falar de modo mais sutil, voltando a imagem que abre o tópico, não a cena, mas o fato concreto, observe essa foto, ela foi batida no Pico do Jaraguá em São Paulo, local de onde se pode avistar grande parte da cidade. A foto está razoavelmente bem feita, as cores estão bem vivas e a cena é relativamente bonita. Outra foto também da cidade de São Paulo, o céu anoitecendo e o vermelho forte deixa a cena bastante bonita e interessante.
Qualquer um gostaria de ver essas cenas, de poder estar em locais em que isso é bem visível, certo? Errado A beleza das cenas nesse caso provém de poluição, o ar sujo da cidade grande acaba proporcionando essas belas cenas, cheias de cores fortes e contrastantes.
Mas o que isso tem a ver com o olhar? Podemos escolher duas linhas para tratar o assunto, a primeira e mais rapidamente apresentável é a de mostrar que as aparências não mostram nada, que o que vale é realmente aquilo que se é e não o que se apresenta. Mas isso seria um caminho extremamente moralista e não é exatamente o que eu procuro como mote aqui nesse espaço.
O segundo e para mim mais interessante caminho é o de que a informação possui um peso diferente para cada pessoa. Não exatamente como o texto anterior onde a visão de cada um podia levar a um caminho diferente. Nesse caso o que vale é a informação que cada um possui.
As cenas são visualmente belas, mas quando temos a informação do que traz a beleza para as mesmas, talvez nossa opinião mude. Talvez, entretanto possamos seguir outra via, dizendo que é o preço que se paga pelo progresso. E se assim for o que se faz é apenas um juízo pessoal de valores. A pessoa com a informação tira as conclusões que desejar. Eu posso olhar para o preço do dólar baixando e achar interessante pela valorização do real ou ruim pela dificuldade de exportações e em nenhum dos casos estarei errado.
E isso é bastante interessante no que se refere a possibilidade de podermos crescer como pessoas. A questão é saber se estamos abertos a ouvir novas opiniões e discuti-las. Se assim for ótimo. Caso ocorra o contrário, a intolerância e a violência acabam ganhando mais válvulas de escape, temos que perceber que nem sempre estamos certos (acho que na maioria das vezes erramos) e por isso é necessário aprender a ouvir.
Obs.: falando nisso, gostaria de ouvir o que vocês leitores acham desse espaço, mande uma mensagem para que a gente possa interagir sobre os temas discutidos, participe, mande sugestões de temas e idéias.
Obs(2).: Aos que acompanharam o drama da Claudia com a perda de seu cão, temos uma boa notícia, ele foi encontrado!!!!