Redirecionando

7 08 2011

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A Forest – The Cure

24 04 2011

Os peixes se enxergam livres porque não percebem os limites do aquário

E viva as redes sociais! Li hoje uma frase no perfil do facebook de uma amiga que inspira o post de hoje. Ela, como eu, é amante de fotografia. Ela, como eu, gosta de ver a fotografia como algo além do simples clicar. Enxergamos fotografia como uma forma de expressão humana. Diferentemente de mim, ela tem muito mais bagagem e conhecimento pra falar do tema. Mas vamos trazer a frase pra cá.

“As fotos não mentem, mas mentirosos podem fotografar”. Lewis Hine

A frase veio acompanhada de um comentário onde se fala que o ângulo em que uma foto foi batida dá a impressão de que o presidente americano, em sua visita ao Brasil ficou de olho no traseiro de uma estudante.

Ai vem a questão, ele realmente olhou, ou o fotógrafo imaginou que ele olhou? Qual a verdade no fato? Ou mais importante que isso, em qual das verdades vale a pena acreditar? O que vale a pena ser levado a sério no caso? Faço essas perguntas porque vejo o caso visto de outra forma. Cada pessoa tem a sua verdade e acredita nela. A forma como essa verdade é passada adiante é que vai tornar isso socialmente verdadeiro ou não.

A tal foto, se distribuída e publicada por vários veículos de comunicação e discutida como verdade se tornará real para a maioria. E todos passarão a ver aquilo como real, independente do grau de verdade da cena. Até porque fotografias nunca são reais, elas são apenas aquilo que o fotógrafo enxerga, isso dependendo do grau de miopia social, moral, ética ou comportamental que a pessoa que opera a câmera tenha. Assim como os artigos publicados, os jornais veiculados.

Todo fato depende dessa linha de verdade relativa. Dependendo de onde você olhe pode ter uma impressão diferente do assunto. E é essa impressão que você sempre vai divulgar. De acordo com seu poder de persuasão, isso pode ou não ser considerado verdade por todos. Exemplo mais clássico disso é a comemoração do Natal em dezembro. Qualquer pesquisa mínima mostra que o Natal com certeza não ocorre nessa data e mesmo assim grande parte da população mundial faz festa no dia. Vale o mesmo raciocíonio para o início do ano. Alguém no passado escolheu um dia sem qualquer marcação lógica e todo mundo aceitou.

Hoje vemos pessoas reclamando do poder da mídia, fazendo campanhas contra determinadas emissoras, dizendo que elas são possuidoras do poder e tudo mais. Acontece que na verdade o que a maioria dessas pessoas quer é apenas mudar quem influencia mais o todo. Provavemente trocando de lugar com quem tem mais força de persuasão.

Outro ponto dessa linha de pensamento é a nossa auto ilusão. A canção do The Cure, A Forest, conta a história de alguém que acredita ver algo que na verdade é irreal. Quantas vezes isso não ocorre conosco? Acreditamos piamente em algo que não existe. Em algo que só nós vemos porque foi totalmente criado em nossa mente.

Quando a ilusão é puramente pessoal, o único prejudicado é quem tem a ilusão. Mas e quando a ilusão é propagada aos quatro ventos e vendida como verdade? E quando todo um mundo vive num universo falso? Nem falo do exagero de um mundo Matrix, mas sim de coisas simples, como acreditar que manga com leite faz mal. Deste ponto para acreditar que um político pode ser visto como salvador do povo, temos um passo curto demais.

Eu trabalho como professor e me preocupo muito com a forma como meus alunos enxergam as verdades que tento passar a eles. Primeiro porque essas verdades são minhas, não obrigatoriamente deles e segundo porque eles tem que ter poder de decisão e compreensão sobre aquilo que vão considerar como verdade e não aceitar a primeira visão que recebem de qualquer tema sem uma forte reflexão interna.

Porque aceitar que existam diferentes verdades acaba sendo inerente da nossa espécie, mas não questionar isso a ponto de aceitar que outros definam quais serão as verdades que devemos aceitar sem pensar muito no assunto é fazer-se de prisioneiro do pensamento alheio, é abrir mão daquilo que provavelmente nos torne realmente humanos.

O que você pensa sobre isso?





I’ve Seen it All – Bjork

3 04 2011

Não faça de rótulos uma prisão

 

Ontem foi dia Internacional do Autismo, eu tinha prometido falar do tema, mas não consegui. Talvez por acreditar que bater na tecla do problema seria mais do mesmo, sem levantar uma discussão realmente eficaz, talvez por não saber exatamente como tratar do assunto ou muito provavelmente por medo do tema.

Entretanto não queria deixar as idéias que eu tinha em mente totalmente esquecidas. Existem coisas que ficam acima de rótulos, existem pensamentos que independem de um nome para serem definidas e em alguns casos, saber o nome de algo sem ter a paciência suficiente para entender o que o nome quer dizer exatamente acaba sendo bastante perigoso.

Os místicos dizem que nomes tem poder. Eu sou cético, mas levo isso em consideração. Ao encontrarmos algo queremos saber sempre o nome e a partir deste ponto começamos uma observação mais atenta, buscando detalhes que possam ser associados a aquele nome. E sempre buscamos sentido nos nomes de coisas ou seres que acabamos descobrindo. O problema é que na grande maioria das vezes, esses nomes demoram um longo tempo para realmente fazerem sentido. Demora até que o conhecimento suficiente para entender o que realmente importa, e nesse meio tempo, ficamos com impressões erradas que podem ser perigosas.

As vezes criamos um mundo nosso, particular, onde acreditamos em coisas ou fazemos escolhas que só fazem sentido dentro daquela realidade criada. Totalmente maluca e irreal.

Pra quem não assistiu o filme Dançando no Escuro do Lars Von Trier, vale a pena ver. A música que dá nome ao post saiu desse filme, aliás concorreu ao Oscar, perdendo a estatueta para Bob Dylan. Bjork tem uma voz engraçada e canta músicas estranhas, já ouvi essa definição de muita gente, entretanto gosto muito de suas músicas, seu experimentalismo me cativa. No caso das músicas do filme, ela ganha um ponto a mais porque além de escrever as músicas, ainda interpretou com extrema competência a personagem Selma.

No filme, Selma é uma imigrante tcheca nos EUA de 1964, período de Guerra Fria. Trabalha numa fábrica e sofre de uma doença degenerativa que vai pouco tomando a sua visão. Todo o dinheiro que consegue juntar é guardado para bancar uma cirurgia que impeça seu filho de sofrer do mesmo mal, enquanto ela cada dia enxerga menos.

As músicas de Bjork vão costurando a história e mostram como a personagem consegue sobreviver nesse sistema doloroso, a partir dos sonhos e de uma realidade que ela própria criou. A forma como ela acredita que outros também deveriam ser justos acaba custando caro para ela, mas falar disso seria como contar a parte mais interessante do filme.

Vale a pena, entretanto, lembrar que Selma vive focada num único ponto. O que a mantém “viva” é a necessidade de conseguir uma forma de juntar o dinheiro para curar o seu filho. Seu mundo é apenas isso. Viver fechado num mundo muito restrito pode ser fácil até determinado ponto, afinal tudo parece estar ao alcance das mãos, entretanto, pode também ser muito doloroso, porque nesse caso você acaba se sentindo estranho em qualquer lugar ou situação que não faça parte do seu repertório restrito.

Esse é o grande risco dos nomes. Podem fechar quem os tem dentro de casulos impenetráveis. Podem limitar de tal forma que quem os recebe pode ficar preso nesse rótulo. É claro que é preciso sim saber do que se sofre, é preciso entender o que acontece com a gente, mas mais importante que isso, é necessário saber os limites reais e em que aspecto cada rótulo nos cabe. Assim como uma criança que demore a aprender matemática não pode ser considerada burra, uma que aprenda música muito jovem e demonstre talento não deve ser vista como genial. Ambos são apenas indivíduos com características próprias e os limites de cada rótulo devem ser sempre ajustados a cada um. Cada pessoa é de um jeito.

Até porque sempre surge alguma variável nova que pode modificar tudo aquilo que você acredita. É preciso ficar aberto a isso e perceber que mudanças existem, porque você com certeza ainda não viu tudo o que existe. Se viu, infelizmente tem um problema, se viu tudo, já não existe mais nada para ver, como bem disse Bjork.

 





Owner of a Lonely Heart – Yes

31 03 2011

Não se limite pelo externo, mas sim pela sua mente, só ela pode te dizer até onde você pode ir

 

Até tinha pensado em continuar falando de datas e da minha relação com elas, da forma como eu vejo e sinto o tempo passar. Entretanto, depois de um dia todo fora de casa, chego em casa pensativo. E antes mesmo de abrir a porta o porteiro veio e me entregou um pacote. Nem imaginava o que seria, não tinha comprado nada, nem esperava receber nada pelo correio. Confesso que achei que era algum engano.

Conferi meu nome, abri o pacote e vi um cartão e um embrulho. Curti a idéia de receber um presente de aniversário (fiz 36 anos no sábado passado). Um livro de um autor que eu gosto muito, Rainer Maria Rilke, vindo direto do Rio de Janeiro, gracioso presente de uma amiga (que não assinou o cartão, demorei pacas pra achar um jeito de descobrir quem tinha me enviado o presente….rs).

No cartão, uma frase de Rilke, acho que vale a pena falar um pouco dela: “O destino não vem do exterior para o homem, ele emerge do próprio homem.” Eu já tinha lido essa frase algumas vezes e confesso que nunca tinha pensado muito a respeito. Dessa vez foi um pouco diferente. Até devido ao meu atual momento. Sabe aquela frase que você precisa ouvir e nem sabe o motivo? Pois é, pro meu dia, acho que a frase a ser ouvida era essa do Rilke.

Não que eu acredite em destino. Não me tornei místico ou crente. Continuo ateu, sem me orgulhar ou me envergonhar disso. Apenas não acredito em deuses, mas isso nada tem a ver com o tema, falo disso noutro momento, talvez mais perto da Páscoa. Eu vejo o destino descrito na frase como o caminho que a gente escolhe seguir. Nossa vida é composta por diversas dicotomias e cada escolha simplesmente nos leva a caminhos com escolhas diferentes, sem essa de predeterminismos, apenas lógica, se você escolhe o trabalho A ao invés do trabalho B, vai ter que se deslocar todo dia para A, vai passar por determinadas pessoas todos os dias, comer em determinados locais e por ai vai, ou seja nada místico, tudo completamente fácil de explicar.

Por outro lado, tem algo na frase que vejo como real. Somos nós os senhores dos nossos caminhos. Nós fazemos as escolhas, assim nós é que somos responsáveis pelo que nos acontece. E temos que ser fortes e determinados. Temos que sempre tomar as rédeas de nossas vidas. Assumir a nossa responsabilidade. Não é o que vem de fora que nos modifica, mas sim aquilo que somos e criamos dentro de nós mesmos. Claro que existem imprevistos, mas a forma geral da estrada pela qual dirigimos é definida por nós a cada instante.

Pensando nisso é que escolhi a música que dá nome ao post. Owner of a Lonely Heart foi um dos grandes sucessos da banda Yes nos anos 80. A música é até hoje contestada pelos fãs mais radicais da banda, que dizem ser comercial demais em relação ao som verdadeiro progressivo tocado na década anterior. Bem foi uma escolha dos integrantes da banda uma guinada mais pop que garantisse vendagens e assim reconhecimento, shows (até no Rock’in Rio estiveram). Eu particularmente até gosto mais da fase anterior e de algumas coisas gravadas depois, mas também acho o disco 90125 (onde aparece a música) bastante divertido de se ouvir.

A música fala de escolhas e comparações. Em um dos versos, por exemplo, diz que é melhor ter um coração solitário do que um coração partido. Não sei se concordo exatamente com essa afirmação, até acho que seria interessante um coração movimentado, mas o que importa neste texto é justamente falar que você deve sim ser o senhor de suas escolhas e não ser levado pela vida sem perceber, deve também saber o preço de cada escolha que faz, mas isso fica pra outro post. Por enquanto, eu só aproveito pra agradecer ao livro do Rilke que recebi. Muito Obrigado!!!!

 





Meu Aniversário – Nando Reis

28 03 2011

Uma taça de champanhe sem saber pra que...

 

Estranho como algumas coisas nos incomodam e a gente demora a perceber o porquê. Estranho como temos rituais tão antigos que mesmo que não façam sentido algum se tornam extremamente importantes. Aliás, é estranho o modo como a nossa mente define o que vamos achar importante no decorrer de nossa vida.

Conforme o tempo passa, vamos aprendendo mais coisas, vivenciando novas situações e sendo forçados a mudar de rumo diversas vezes. Assim, a nossa linha de pensamento se altera de tal forma que em muitos casos, o Alex de 3 anos atrás seria considerado intragável pelo Alex de hoje que provavelmente será considerado um imbecil pelo Alex de 10 anos adiante.

Entretanto, mesmo com tudo isso, com todas as mudanças que cada ser passa. Algumas coisas parecem ser mais profundas na nossa própria espécie. Coisas que independente de quem você seja e do momento em que vive vão te abalar de alguma forma, seja trazendo um sorriso aos seus lábios, seja trazendo lágrimas aos olhos.

Geralmente isso ocorre com rituais simples, como um olhar de determinada pessoa, um sorriso, uma frase, ou até mesmo datas e comemorações. Nós comemoramos muita coisa e nem sabemos exatamente o motivo. Criamos datas para quase tudo (eu mesmo nasci no dia do cacau). E gostamos quando essas datas ditas especiais passam a ter significado para outras pessoas do nosso convívio. Nossa espécie é gregária, felizmente ou infelizmente (não consigo ter uma opinião firma sobre isso), vivemos em sociedade e dela dependemos. Provavelmente criamos essas comemorações malucas justamente para criar formas de fortalecer nossos laços sociais.

Tudo isso para falar do meu aniversário. Sábado passado, dia também em que se fez a hora do planeta, onde pessoas no mundo inteiro apagaram as luzes de suas residências como forma de protestar contra o nosso comportamento errático em relação ao nosso lar. Dia do Cacau, como já disse anteriormente. Também nessa data Nasceu Éder Jofre e morreram Walt Whitman e Beethoven.

Num dia 26 de março anos atrás eu nasci, e a melhor definição do que isso realmente significa veio no cumprimento de uma amiga que me mandou um sms com a seguinte frase: “Parabéns por completar mais uma volta ao redor do Sol.”

Parece pouco ou frio demais? Pode até ser, mas é exatamente isso, nós comemoramos porque damos uma volta a mais em torno de uma estrela, e comemoramos isso diversas vezes em diversos momentos no mesmo ano. Seja por parentes, seja por festas comemorativas, seja pelo próprio início/fim do ano. E o pior, isso nos faz bem.

Tem lógica? Claro que não, mas nem por isso deixamos de fazer. Talvez porque sejamos realmente como eu disse no último post, presos dentro de uma prisão social onde sem saber os motivos, fazemos exatamente aquilo que se espera de nós e no caso, se espera que comemoremos sempre essas voltas ao redor da estrela. Talvez seja algo mais intrínseco da nossa espécie, que simplesmente age dessa forma totalmente irracional da mesma forma como agem os lemingues que se amontoam de maneira tão desordenada que acabam caindo alto de desfiladeiros, simulando um suicídio coletivo.

Na verdade, a única coisa que parece fazer sentido nesse caso, é que a gente faz isso (e milhares de outras coisas) de forma totalmente irracional e nem se dá conta, apenas fazemos e nos sentimos felizes por isso. Ou pelo menos nos sentimos incomodados se isso não acontece, mesmo que a gente nem perceba que faz.

Você já se perguntou o que te leva a comemorar o seu aniversário?